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25 outubro 2006
Era uma vez...
Para você, Bebeta!
Num reino muito, muito perto daqui, existia um povo que vivia de lembranças.
Era um povo que tinha sido muito feliz há alguns anos atrás, durante o reinado de Sua Majestade o Amor. Era uma época de muita felicidade, riso solto, corações acelerados, músicas alegres, dias ensolarados e planos para um futuro eterno. As pessoas viviam despreocupadas, sem medo, acreditando que nada poderia mudar.
Porém, em um feio dia de chuva, as terras foram invadidas pela rainha Tristeza. Ela tomou o reino em um golpe, impondo seu mandato de lágrimas e dor. No início, o povo se rebelou, levantou as armas e foi às ruas brigar pelo direito de ser feliz e pela volta do rei Amor. Mas a tirana Tristeza tinha um exército forte, bem treinado. O povo conseguiu resistir heroicamente por um tempo. Só que a falta de amor os deixava cada vez mais fracos. Até que um dia, a rainha Tristeza subiu sua bandeira no pátio do castelo. O hino nacional mudou, agora todos eram obrigados a cantar e ouvir aquela melodia melancólica e sombria.
O tempo foi passando e a vida continuava. As pessoas levantavam cedo, trabalhavam, comiam, estudavam, voltavam para casa, dormiam. Saiam de férias, viajavam, encontravam-se no bar da moda, batiam papo. Só que algo faltava. Elas haviam perdido o brilho no olhar, o viço na pele, as borboletas no estômago. Era uma agonia viver neste reino depois de ter conhecido o amor.
A tirana Tristeza era casada com o rei Desespero, um homem agoniado, deprimido e pessimista, que espalhava pelo reino todo seu fel. Era um casal estranho. Tinham uma filha, a Saudade, uma criancinha de coração bom, mas muito chata e manhosa. A menininha vivia correndo, gritando e chorando pelo reino, incomodando a todos.
As lembranças eram os melhores momentos deste povo. Logo depois do golpe, todos falavam sobre os bons tempos. Recordar cada detalhe era uma estratégia para trazer um pouco de felicidade aos corações. O tempo foi passando, as pessoas foram acostumando-se com o reinado triste (afinal, acostuma-se a tudo!). Alguns até preferiram assim. Com isso, as lembranças foram perdendo a cor, a forma e até a importância. E assim o povo foi vivendo.
Só que algumas rebeldes insistem em viver relembrando o tempo feliz, desejando-o de volta. Elas inventam formas de manter a felicidade por perto: viagens, tattoos, cantorias, conversas. Elas sentem lá no fundo do coração que o Amor vai voltar, que os momentos alegres vão ter espaço novamente na vida do reino. Elas batalham para que isso aconteça (mesmo se perdendo nas inúmeras tentativas de fazer dar certo). Se apegam na exilada esperança e seguem em frente, torcendo para que o Superolhosverdes e o Homem vai-e-volta apareçam e mudem o final da história.
 
22 outubro 2006
O preço das escolhas
A escolha pela intensidade foi feita há muitos anos. Escolha que me custa caro. Não tenho mais condições de manter o luxo de ser intensa.
O preço que pago por sentir esse amor imenso está além das minhas posses. As perdas são muito maiores que os ganhos. Ficou caro demais, o que ganho não paga.
Resolvi colocar no papel tudo o que já investi. Descobri que ando endividada por conta deste amor. Peguei empréstimos nas pequenas aventuras, gastei tudo o que tinha poupado nas lembranças, catei todas as moedas ao ouvir sua voz. Peguei tudo isso e paguei pra ver. Juntei tudo o que podia para continuar bancando este amor insano. Tirei dos investimentos a longo prazo, deixei de comprar ações em relações mais seguras, tudo pensando que valia a pena guardar uma chance para o nosso amor.
Agora sobrou o nada. Suas promessas vazias batem no meu coração e fazem outros estragos. É duro perceber que a ingenuidade não existe mais. A mocinha crédula deu lugar a uma mulher que pela primeira vez coloca na balança o preço a pagar por este amor. O que você me oferece é muito pouco para me manter feliz. Entendi com pesar que este amor impossível só vai me afastar de todos os meus sonhos.
Estou cansada. Sinto que as minhas forças estão se esvaindo. Tenho receio de não dar conta. Tenho medo de me perder, de enlouquecer.
Tenho medo de não amar nunca mais.
 
19 outubro 2006
...
Sentimentos misturados... Não consigo escrever o que se passa. Vou pedir emprestadas as palavras de Clarice Lispector.
"Eu às vezes tenho a sensação de que estou procurando às cegas uma coisa; eu quero continuar, eu me sinto obrigada a continuar. Sinto até uma certa coragem de fazê-lo. O meu temor é de que seja tudo muito novo para mim, que eu talvez possa encontrar o que não quero. Essa coragem eu teria, mas o preço é muito alto, o preço é muito caro, e eu estou cansada. Sempre paguei e de repente não quero mais. Sinto que tenho que ir para um lado ou para outro. Ou para uma desistência: levar uma vida mais humilde de espírito, ou então não sei em que ramo a desistência, não sei em que lugar encontrar a tarefa, a doçura, a coisa. Estou viciada em viver nessa extrema intensidade. A hora de escrever é o reflexo de uma situação toda minha. É quando sinto o maior desamparo."
 
18 outubro 2006
À verdade!!!
Hoje é preciso calar para que as palavras voltem a fazer sentido.
Salut!
 
17 outubro 2006
Um dia azul
Hoje vai ser um dia mágico.
Um dia onde pensamentos, emoções, sentimentos e vontades serão multiplicados, atendidos, realizados.
Então, a minha lista de desejos começa assim:
Eu quero uma onda de amor que se espalhe em todos os corações à minha volta. Amor sentimento puro, correspondido e possível para cada um de nós. Amor intenso, tranquilo, que acalma, aquieta e espalha sorrisos nos rostos queridos.
Desejo luz e sabedoria. Luz para guiar nossos caminhos e sabedoria para fazer as escolhas que nos levarão à felicidade.
Desejo simplicidade.
Desejo a felicidade pelas coisas do dia-a-dia: manhã de sol, banho de cachoeira, conversa boa, risada de criança, comida gostosa, música alegre no rádio do carro, vento no rosto, comédia boba no cinema, mais um dia de trabalho, orquídea que brotou de novo, banho de chuva e mais uma infinidade de coisas. Felicidade, pura e simples.
Desejo desapego: das coisas, das pessoas, dos planos. Que as coisas possam nos ajudar a chegar onde queremos, mas que não sejamos nunca escravos delas. Que as pessoas possam fazer parte das nossas vidas enquanto os caminhos seguirem a mesma direção. Que possamos deixa-las ir quando a hora chegar, sem mágoas, sem ressentimentos. Que os planos possam ser criados por nós, construídos a medida em que o tempo for passando, que possam ser moldados, transformados ao longo da caminhada, para atender à nossa necessidade de ser feliz. Que não fiquemos apegados à eles, escravos cegos de desejos vencidos. Que cada etapa alcançada, cada passo dado possa ser reconhecido e comemorado.
Desejo amizades duradouras, verdadeiras estacas de sustentação destes caminhos cheios de altos e baixos.
Quero respeito às diferenças. Quero ter o direito de ser quem eu sou, de não ter que me transformar unicamente para atender às conveniências alheias. Quero manter meus valores, minhas crenças, mesmo sabendo que elas não são verdades absolutas. Quero poder me permitir, se tiver vontade. Quero respeitar os meus limites, porque eu sei até onde posso ir. Quero respeitar as escolhas dos outros, mesmo quando não entendo seus motivos, mesmo quando elas são diferentes das minhas. Quero respeitar as pessoas, sem julgar.
Quero crescimento pra mim e pra todos que eu amo. Quero que a paz domine, que as pessoas sintam tudo isso, de coração. Quero ser feliz e quero que as pessoas ao meu redor também sejam.
Desejo uma vida boa, simples. Quero me permitir viver um amor pleno com um homem bom. Amar e ser amada. Desejo que deste amor eu possa gerar uma criança, meu filho, o menino que me aparece nos sonhos. Desejo realizar bons trabalhos, fazer a minha parte por um mundo melhor.
Desejo um dia azul, uma vida azul, de muito amor para todos nós!
Que assim seja!
PS: Vamos mentalizar coisas boas hoje! O universo irá conspirar a nosso favor...
 
14 outubro 2006
Noite boa
Mais uma noite boa...
e você não estava aqui.
É até covardia lamentar, não vou ser dramática.
Mas teve um momento em que a lágrima caiu
E o motivo foi a falta que sinto de você.
 
10 outubro 2006
Notícias...
Notícias suas sempre me abalam. Desfaz todo meu discurso de que eu quero leveza. Vai por água abaixo o meu mantra “eu quero a sorte de um amor tranqüilo”.
Ler seu nome na minha caixa de entrada, com suas palavras que não dizem muito abalam este meu coração meio burro. Abre a caixa de pandora dos meus desejos por você.
Queria mesmo te ter por perto, por 6 horas que fossem, por uma noite que fosse, já que para todo o sempre não é uma opção que você me dá.
Meu desejo é que você desvende todos os meus segredos, um a um, como você já fez um dia. Depois de tanto tempo, tenho uma fila de novos segredos.
Meu desejo é que você me beije a boca, me pegue pela cintura, me fazendo perder a noção de tudo. O que eu quero é sentir mais uma vez o meu cheiro misturado ao teu, o peso do teu corpo sobre o meu.
Quero olhar e mergulhar no fundo dos teus olhos verdes e esquecer do resto. Dane-se todo o resto. Meu desejo por você não some, não acaba, não diminui... Então que ele me consuma inteira, que eu possa me perder nos seus braços, nos seus beijos, no seu corpo. Pelo menos mais uma vez....
 
09 outubro 2006
Eu não quero ter razão, quero ser feliz!
Eu não sou a dona da verdade, passo longe de ser.
Tenho minhas convicções, minhas crenças.
Acredito nas pessoas, no amor...
Acredito que é possível ser feliz. Acredito que esta falta que sinto vai ser substituída por outra, menos dolorida. Acredito que essa solidão não vai ser minha companheira eterna.
Não quero mais gastar meu tempo e meus neurônios tentando entender os motivos alheios ao escolher o caminho que eu acho mais medíocre. São escolhas e só interessam a quem as fez. Não quero mais criticar, falar, reclamar.
Quero leveza. Ser feliz do jeito que a vida se apresenta pra mim. Sem grandes planos, sem grandes sonhos. Viver o que a vida oferecer, sem medo. O silêncio destes dias tem me ajudado. Cansei de pensar, de racionalizar.
Eu não quero ter razão, eu quero é ser feliz!
 
08 outubro 2006
Chuva
O meu mundo não é o seu.
Vivemos em realidades diferentes, com planos distintos e expectativas bem parecidas. Tenho certeza que o que nós dois queremos é ser feliz.
Só que o caminho que você escolheu é escuro, cheio de sombras, histórias mal-contadas, mentiras disfarçadas.
Meu caminho é outro. Talvez a minha escolha tenha sido pela estrada mais tortuosa, onde eu não posso me escorar em ninguém pra seguir em frente. Tem horas que é difícil continuar, dá vontade de desistir. Mas não tenho pra onde correr. (Para os seus braços não é uma opção).
Entendo que guiar minha vida é responsabilidade minha, por mais que eu quisesse partilhar com você. Os momentos de incerteza são inúmeros e aparecem com o silêncio, esta presença ambígua.
Hoje o silêncio passou de incômodo para acolhedor. A chuva que lavou a cidade, lavou também minha alma inquieta. Levou embora a angústia que estava à espreita (sempre disfarçada de boa menina), louca por um vacilo para se instalar de novo, de novo e de novo.
Não! Hoje o dia termina leve.
Foi bom estar só.
Como diz o novo mocinho: “eu sou boa companhia pra mim”.
 
03 outubro 2006
Falta de que?
Acordo com o barulho do jornal da manhã na televisão. A primeira sensação é a de que falta alguma coisa que eu não sei bem dizer o quê.
Levanto na marra, entro no chuveiro, sinto a água escorrer pelo meu corpo. Fecho os olhos e são suas mãos que percorrem meus cabelos. Pára, tenho pressa, não posso pensar nisso agora. Estou atrasada, como sempre. Escolho uma roupa, visto correndo, pego alguma coisa pra comer e entro no carro. O caminho para o trabalho é sempre só. Não costumava ser. Olho o celular que não toca. Esquece... O que eu tenho que fazer hoje mesmo? Ah, já sei... A lista de coisas é grande e me distrai até chegar à garagem do trabalho.
“Bom dia!”, ‘bom dia’. Ler e-mails, responder, ver o horóscopo (nem sei pra que), começa a correria, telefone que toca sem parar, três músicas diferentes ao mesmo tempo, barulho de ar condicionado ensurdecedor, entra-e-sai de gente. E eu no meio de tudo isso. Acho graça de mais uma maluquice trabalhista, cobro os relatórios que estão atrasados, tiro uma dúvida com o bonitinho no telefone.
Almoço, mais trabalho, mais barulho, mais correria. Faço o que tem que ser feito, mas tem um pedaço faltando. O barulho não deixa pensar nisso.
Fim de expediente, hora de voltar pra casa. A noite já é a dona do cenário, as luzes estão acesas, entro no carro. Estou só outra vez. Sei o que me falta. A vida não parou. Eu continuo com a mesma cara de brava, mas sinto falta.
Falta você, seu sorriso, sua voz, seu cheiro, seu corpo colado no meu. Acho que essa falta já faz parte integrante de mim. Não sei nem se consigo viver sem sentir falta de você. Acostumei com a ausência. Acostumei a não ver, não ter. Acostumei porque não tive alternativa. Porque se você acenar com a mais remota possibilidade de estar ao meu lado, meu coração se alegra, a alma fica leve e o sorriso vira companheiro constante. Mesmo que por pouco tempo, até meu grilo falante questionar a fragilidade dos seus argumentos e dos seus atos.
E assim os dias passam...eu e a eterna luta pra te arrancar de dentro de mim.
 
02 outubro 2006
Mãos
Ontem reclamei que não lembrava de sonhos.
Parece que foi a deixa para que eles voltassem a visitar meu sono. Era madrugada fresca de chuva.
Sonhei com suas mãos.
Engraçado, porque não via seu rosto, só suas mãos. Mas eu sabia que eram suas. Tinha certeza.
Senti seu toque. Firmeza, cuidado, carinho. Tudo junto, na perfeita proporção. Lembro que a sensação era um misto de alegria, segurança e tranquilidade. Coração acelerado, cosquinha na barriga e a certeza de que eu era feliz por te amar.
Nossas mãos se entrelaçaram e seguimos caminhando juntos.
Acordei leve... pelo menos em sonho eu posso ter você pra mim.