Os seus erros mais fáceis de perdoar são os de português.
Receber seus e-mails com notícias do lado de lá são um misto de não-sei-o-que.
Não me interessa saber que o seu vôo atrasou e você sofreu com o caos aéreo. Passou-se o tempo em que eu ficava preocupada por você não ter tido uma boa noite de sono. Não quero saber se os engarrafamentos por causa do PAN te deixam irritado.
Não me importa se você conseguiu provar que você é o menino bom e honesto que não roubou o dinheiro de ninguém.
Não me venha com amenidades. Nós fomos muito mais que meros conhecidos pra dividir a vida assim. Eu sei exatamente como você se sentiu em vários desses momentos que você insiste em dividir comigo assim, a distância, por intermináveis e-mails.
E o que eu sinto? Você, no meio do seu egoísmo, consegue pensar em como eu me sinto ao ler o "vamos às notícias do lado de lá"?
Eu não faço parte da sua vida, por uma escolha sua. Eu não posso estar ao seu lado, esperando o vôo que atrasou 5 horas. Eu não pude acompanhar cada detalhe do desenrolar da tal fraude e te dizer todos os dias que eu tinha certeza que tudo se resolveria. Eu não posso sair do trabalho e voltar pra casa com você dirigindo o carro e conversando no caminho, xingando a p... do engarrafamento porque a gente merece um banho depois de um dia de cão.
Quer saber o que eu sinto ao ler esse bando de amenidades que você me escreve? Um buraco no peito, um arrependimento por ter acreditado que talvez o final da história pudesse ser outro. Um vazio cinza que deixa um gosto amargo na boca e uma descrença no coração.
Silêncio, a melhor resposta pra isso tudo é o silêncio.
Ai vou me manter em silêncio pq esta é a melhor resposta...
beijo